Qualquer pessoa que trabalhe com arquitetura comercial ou efêmera precisa conferir o show de imagens que são os estandes dos países na Expo Shanghai 2010, aberta na China no final de semana.
Aqui e aqui você confere a relação de todos os espaços, via site oficial, exibindo conceitos, maquetes e projeções. E esta aqui é uma apresentação simples e direta, com algumas das imagens mais bacanas. Começamos pelo Brasil:
A linguagem arquitetônica “ninho do pássaro”, com suas formas mais arredondadas e fluidas – e que foi trazida ao mainstream justamente pela Olimpíada na própria China – não aparece apenas no estande do Brasil. É o caso de Cingapura também:
Enquanto este estilo se consolida, muita gente segue falando mal daquele que seria o horrível logo – programação visual da Olimpíada de Londres, em 2012. Sua geometria assimétrica, as sobreposições e inversão da perspectiva, em ângulos negativos, é usualmente vista como uma iniciativa “feia”.
Mas o feio é o novo bonito… E, tendo em mente que os ingleses não criaram esta proposta do nada, a geometria aparece com tudo em diversos estandes. É questão de tempo para a linguagem dominar estilo e moda:
N0 quesito “beleza pura e simples”, destaque para a Inglaterra, Austrália, México e sobretudo Hong Kong:
Mas, de tudo o que conseguimos conferir pela rede até agora, o espaço mais bonito talvez seja mesmo o da Espanha, com sua incrível capacidade de provocar uma sensação orgânica e natural a partir de uma grande estrutura fixa com jogo de luzes:
Por fim, quando o assunto é freakin’ out, o destaque vai sempre para a Holanda:
É engraçado como nada se perde, tudo se transforma: talvez um dos conceitos mais antigos da industrialização e da internacionalização comercial (a palavra “globalização” vem muito depois), as “exposições mundiais” ou “feiras mundiais” seguem mais interessantes do que nunca, ao se transformarem para as causas e relações diplomáticas do século 21. O próprio fato de acontecer na China, um país símbolo da era dos extremos, ilustra isso.
As viradas urbanísticas e mesmo de relações internacionais que estes encontros proporcionam – a exemplo da Expo 98, que ressuscitou Lisboa para si e para o mundo – estão em cheque nesta edição. A agenda temática chinesa já esqueceu a saída do Google e substituiu seu setting por esta mega-distração chamada Expo Shanghai. Com seis meses de duração, ela possui o dobro de área que o Principado de Mônaco e “leva o mundo globalizado”, mas do jeito que o poder central condiciona, para dentro de um país alienado pela lógica da produtividade.
Na ausência de quem faça isso no Brasil, apelamos para esta matéria analítica da imprensa portuguesa, citando vários jornais de diferentes países, com uma leitura política e simbólica sobre o papel da Expo Shanghai para o poder central de Pequim e para a posição da China no mundo.
Alisson Avila
Deixe um comentário