Cannes Lions 2010: mais do que analisar campanhas ou projetos de Promo, Integrated, Titanium ou Cyber, que têm a ver diretamente com o negócio da Aktuell, o grande barato de atravessar o oceano para estar lá é perceber, ao vivo, o que acontece no entorno do festival. Esta grande confraternização do mercado permite compartilhar com vocês, aqui neste artigo, minha impressão sobre Cannes em 2010 e o que penso desse grande festival para os próximos anos.
O grande charme e potencial de Cannes hoje não é mais a novidade das campanhas ou projetos: o aspecto surpresa, ou aspecto espanto, não vi em nenhum momento. Inclusive este ano não tivemos nenhum case absoluto ou surpreendente como em 2009, ano de grandes vitórias do “Melhor Emprego do Mundo” e do case de Barack Obama. Entendo que isso se deva ao fato de hoje termos quase tudo no You Tube, ou seja, não precisamos mais ir a Cannes para saber das novidades…
Então faço uma analogia ao Twitter, ferramenta de comunicação tão presente hoje na vida das pessoas. Por qual motivo? O Twitter é uma ferramenta onde as pessoas querem encontrar umas às outras, têm vontade de compartilhar, discutir, analisar e até pesquisar sobre suas vidas e conteúdos… Portanto, para mim, Cannes é o “Twitter offline” da comunicação.
A grande fortaleza deste festival é ainda conseguir reunir grande parte do mercado global de comunicação em um só lugar. Ou seja, em Cannes, as principais cabeças da criação e do marketing podem desfrutar de um ambiente totalmente adequado, com todo o charme e a tranqüilidade que a cidade oferece, para poder encontrar os amigos, clientes, concorrentes… conversar e debater sobre o universo da comunicação e os seus negócios… e, se aproveitando do conteúdo disponível, desenvolver inúmeras reflexões fora do dia a dia das agências, empresas, clientes e grandes centros urbanos!
Tive momentos que com certeza não seriam possíveis na correria do Brasil: sentar com o André Lima da NBS, o André Augusto da F/Nazca e o Julio, aqui da Aktuell, para analisarmos as campanhas; discutir sobre o modelo de negócio das agências; e olhar para o futuro do festival (o que, de longe, deveria sempre ser nossa função…). Ou então ter um almoço sossegado com a Luciana da Coca-Cola e o Breek, da Embratur, onde falamos em profundidade sobre diversos assuntos; ou ficar 30 minutos com os felizes Musa e Anselmo, da Ogilvy no terraço do Plaza. Ou mesmo passar uma manhã toda trocando ideias, finalizando e analisando as apresentações do workshop que fizemos em Cannes.
Com isso, para mim, a grande riqueza do festival está na convivência e não na novidade. Cannes é uma ótima oportunidade para o tão desejado “stop” ao longo do ano, junto a um conteúdo fértil e pessoas brilhantes que, com certeza, no seu dia a dia também não tem essa condição. Estar em Cannes é viver um grande “Twitter offline” do mercado, onde o diferencial é compartilhar e conviver!
Rodrigo Rivellino