Certamente não sou único a me perguntar: por que São Paulo não segue o exemplo de outras grandes metrópoles do mundo e faz do seu transporte público, especialmente o metrô, um símbolo da cidade – com um posicionamento e linguagem espertos, urbanos, amigos da cidade, testemunhas do seu dia-a-dia e assim por diante?
Enquanto nós viajamos para o outro lado do oceano ou do hemisfério para dizer que passeamos no subway de Nova York, ou no tube antigo de Londres (que aliás está em processo de renovação dos seus engraçados estofamentos aveludados, leia aqui e aqui), temos em SP um sistema impecável, limpo, organizado, bem mais moderno… e que parece não ter interesse em elevar seu posicionamento e ter um mínimo de graça, de “charme” (ui), de simbologia da vida urbana. Vide o básico: não é tão simples assim achar um mapa da rede paulistana fácil de baixar na internet. Alguém nos diga se houver aplicativos disso por aí.
(Será que é porque sofremos de alguma síndrome, que determinou que transporte público é ‘coisa de pobre’ e chique mesmo é ficar sozinho dentro de um carro no engarrafamento? Basta conferir o caótico sistema de ônibus da cidade para ter certeza deste status quo, infelizmente. Ficamos naquele dilema Tostines: o poder público não qualifica os ônibus porque a classe média não anda neles, ou vice-versa? É como a notícia recente da Folha de S. Paulo, dizendo que o eixo da Via Funchal, ou da Faria Lima – Berrini, têm mais helipontos do que pontos de ônibus.)
Enfim. Tudo isso para indicar este link, postado ainda no ano passado, com uma série de dicas realmente bacanas para melhor usar o metrô de São Paulo. Entre macetes básicos e já conhecidos aos mais sofisticados (do tipo, qual o vagão certo para descer perto da saída de cada estação?), vale a pena conferir.
Enquanto isso, as obras da linha amarela do metrô paulistano dão aquele show de relações públicas: mortes na obra, engarrafamento permanente em Pinheiros, casas que afundam, poucas explicações e assim por diante. E a linha não aparece na maioria dos mapas oficiais na internet – mesmo os que mostram a futura linha lilás.
Enquanto isso #2, o underground londrino vende camisetas, mapas para colocar na parede, um site vivo… e chama artistas para recriar seu logo, de 100 maneiras diferentes, para comemorar um século de funcionamento.
(E os táxis da cidade distribuem um guia próprio, dobrável, onde celebridades e pessoas comuns contam seus causos com os motoristas e explicam por que andar de cab é legal, mesmo com aquela cara de furgão de funerária que os táxis de Londres têm.)
Sim, políticos, branded content também funciona para serviços públicos. E como.
A prefeitura ou as autarquias ainda não perceberam que São Paulo não é apenas turismo de negócios, mas também turismo urbano, de compras, de cultura, de balada e de gastronomia para todo o Brasil e exterior? Em tempos de comunicação integrada, isso é muito mais do que uma campanha de mídia paga dizendo que “São Paulo é tudo de bom”.
Alisson Avila (valeu Mari Eller!)
Olá, Alisson.
Ótimo post. Realmente, uma ótima ótica abordada. O metrô tem melhorado seu marketing ao longo dos anos, mas falta sim um pouco de ousadia. Talvez a estrutura de empresas do governo não gostem muito desta ideia.
Já que o governo vai demorar pra mudar, vamos nós mesmos tentando mudar um pouco de cada vez.
Obrigado pelo link ao meu blog. Um grande abraço!
Fernando Imperator
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